terça-feira, 10 de março de 2015

Os Lusíadas (Consílio dos deuses do Olimpo)

19 Já no largo Oceano navegavam, 
As inquietas ondas apartando;
Os ventos brandamente respiravam,
Das naus as velas côncavas inchando;
Da branca escuma os mares se mostravam
Cobertos, onde as proas vão cortando
As marítimas águas consagradas,
Que do gado de Próteo são cortadas

20 Quando os Deuses no Olimpo luminoso,
Onde o governo está da humana gente,
Se ajuntam em concílio glorioso
Sobre as cousas futuras do Oriente.
Pisando o cristalino Céu formoso,
Vêm pela Via-Láctea juntamente,
Convocados da parte do Tonante,
Pelo neto gentil do velho Atlante.

21 Deixam dos sete Céus o regimento,
Que do poder mais alto lhe foi dado,
Alto poder, que só co'o pensamento
Governa o Céu, a Terra, e o Mar irado.
Ali se acharam juntos num momento
Os que habitam o Arcturo congelado,
E os que o Austro tem, e as partes onde
A Aurora nasce, e o claro Sol se esconde.

22 Estava o Padre ali sublime e dino,
Que vibra os feros raios de Vulcano,
Num assento de estrelas cristalino,
Com gesto alto, severo e soberano.
Do rosto respirava um ar divino,
Que divino tornara um corpo humano;
Com uma coroa e ceptro rutilante,
De outra pedra mais clara que diamante.

23 Em luzentes assentos, marchetados
De ouro e de perlas, mais abaixo estavam
Os outros Deuses todos assentados,
Como a razão e a ordem concertavam:
Precedem os antíguos mais honrados;
Mais abaixo os menores se assentavam;
Quando Júpiter alto, assim dizendo,
C'um tom de voz começa, grave e horrendo:

24 "Eternos moradores do luzente
Estelífero pólo, e claro assento,
Se do grande valor da forte gente
De Luso não perdeis o pensamento,
Deveis de ter sabido claramente,
Como é dos fados grandes certo intento,
Que por ela se esqueçam os humanos
De Assírios, Persas, Gregos e Romanos.

25 "Já lhe foi (bem o vistes) concedido
C’um poder tão singelo e tão pequeno,
Tomar ao Mouro forte e guarnecido
Toda a terra, que rega o Tejo ameno:
Pois contra o Castelhano tão temido,
Sempre alcançou favor do Céu sereno.
Assim que sempre, enfim, com fama e glória,
Teve os troféus pendentes da vitória.

26 Deixo, Deuses, atrás a fama antiga,
Que coa gente de Rómulo alcançaram,
Quando com Viriato, na inimiga
Guerra romana tanto se afamaram;
Também deixo a memória, que os obriga
A grande nome, quando alevantaram
Um por seu capitão, que peregrino
Fingiu na cerva espírito divino.

27 Agora vedes bem que, cometendo
O duvidoso mar num lenho leve,
Por vias nunca usadas, não temendo
De Áf rico e Noto a força, a mais se atreve: 
Que havendo tanto já que as partes vendo 
Onde o dia é comprido e onde breve, 
Inclinam seu propósito e porfia
A ver os berços onde nasce o dia.

28 Prometido lhe está do Fado eterno,
Cuja alta Lei não pode ser quebrada,
Que tenham longos tempos o governo
Do mar, que vê do Sol a roxa entrada.
Nas águas têm passado o duro inverno;
A gente vem perdida e trabalhada;
Já parece bem feito que lhe seja
Mostrada a nova terra, que deseja.

29 E porque, como vistes, têm passados
Na viagem tão ásperos perigos,
Tantos climas e céus experimentados,
Tanto furor de ventos inimigos,
Que sejam, determino, agasalhados
Nesta costa africana, como amigos.
E tendo guarnecida a lassa frota,
Tornarão a seguir sua longa rota."

30 Estas palavras Júpiter dizia,
Quando os Deuses por ordem respondendo, 
Na sentença um do outro diferia,
Razões diversas dando e recebendo.
O padre Baco ali não consentia
No que Júpiter disse, conhecendo
Que esquecerão seus feitos no Oriente,
Se lá passar a Lusitana gente.

31 Ouvido tinha aos Fados que viria
Uma gente fortíssima de Espanha
Pelo mar alto, a qual sujeitaria
Da índia tudo quanto Dóris banha,
E com novas vitórias venceria
A fama antiga, ou sua, ou fosse estranha.
Altamente lhe dói perder a glória,
De que Nisa celebra inda a memória.

32 Vê que já teve o Indo sojugado,
E nunca lhe tirou Fortuna, ou caso,
Por vencedor da Índia ser cantado
De quantos bebem a água de Parnaso.
Teme agora que seja sepultado
Seu tão célebre nome em negro vaso
D'água do esquecimento, se lá chegam
Os fortes Portugueses, que navegam.

33 Sustentava contra ele Vênus bela,
Afeiçoada à gente Lusitana,
Por quantas qualidades via nela
Da antiga tão amada sua Romana;
Nos fortes corações, na grande estrela,
Que mostraram na terra Tingitana,
E na língua, na qual quando imagina,
Com pouca corrupção crê que é a Latina.

34 Estas causas moviam Citereia,
E mais, porque das Parcas claro entende
Que há de ser celebrada a clara Deia,
Onde a gente belígera se estende.
Assim que, um pela infâmia, que arreceia,
E o outro pelas honras, que pretende,
Debatem, e na porfia permanecem;
A qualquer seus amigos favorecem.

35 Qual Austro fero, ou Bóreas na espessura
De silvestre arvoredo abastecida,
Rompendo os ramos vão da mata escura,
Com ímpeto e braveza desmedida;
Brama toda a montanha, o som murmura,
Rompem-se as folhas, ferve a serra erguida:
Tal andava o tumulto levantado,
Entre os Deuses, no Olimpo consagrado.

36 Mas Marte, que da Deusa sustentava
Entre todos as partes em porfia,
Ou porque o amor antigo o obrigava,
Ou porque a gente forte o merecia,
De entre os Deuses em pé se levantava:
Merencório no gesto parecia;
O forte escudo ao colo pendurado
Deitando para trás, medonho e irado,

37 A viseira do elmo de diamante
Alevantando um pouco, mui seguro,
Por dar seu parecer, se pôs diante
De Júpiter, armado, forte e duro:
E dando uma pancada penetrante,
Com o conto do bastão no sólio puro,
O Céu tremeu, e Apolo, de torvado,
Um pouco a luz perdeu, como enfiado.

38 E disse assim: "Ó Padre, a cujo império
Tudo aquilo obedece, que criaste,
Se esta gente, que busca outro hemisfério,
Cuja valia, e obras tanto amaste,
Não queres que padeçam vitupério,
Como há já tanto tempo que ordenaste,
Não onças mais, pois és juiz direito,
Razões de quem parece que é suspeito.

39 "Que, se aqui a razão se não mostrasse
Vencida do temor demasiado,
Bem fora que aqui Baco os sustentasse, 
Pois que de Luso vem, seu tão privado; 
Mas esta tenção sua agora passe,
Porque enfim vem de estâmago danado; 
Que nunca tirará alheia inveja
O bem, que outrem merece, e o Céu deseja.

40 E tu, Padre de grande fortaleza, 
Da determinação, que tens tomada, 
Não tornes por detrás, pois é fraqueza
Desistir-se da cousa começada.
Mercúrio, pois excede em ligeireza
Ao vento leve, e à seta bem talhada,
Lhe vá mostrar a terra, onde se informe
Da índia, e onde a gente se reforme."

41 Como isto disse, o Padre poderoso,
A cabeça inclinando, consentiu
No que disse Mavorte valeroso,
E néctar sobre todos esparziu.
Pelo caminho Lácteo glorioso
Logo cada um dos Deuses se partiu,
Fazendo seus reais acatamentos,
Para os determinados aposentos.

42 Enquanto isto se passa na formosa
Casa etérea do Olimpo onipotente,
Cortava o mar a gente belicosa,
Já lá da banda do Austro e do Oriente,
Entre a costa Etiópica e a famosa
Ilha de São Lourenço; e o Sol ardente
Queimava então os Deuses, que Tifeu
Com o temor grande em peixes converteu.

43 Tão brandamente os ventos os levavam,
Como quem o céu tinha por amigo:
Sereno o ar, e os tempos se mostravam
Sem nuvens, sem receio de perigo.
O promontório Prasso já passavam,
Na costa de Etiópia, nome antigo,
Quando o mar descobrindo lhe mostrava
Novas ilhas, que em torno cerca e lava.

44 Vasco da Gama, o forte capitão, 
Que a tamanhas empresas se oferece, 
De soberbo e de altivo coração, 
A quem Fortuna sempre favorece, 
Para se aqui deter não vê razão, 
Que inabitada a terra lhe parece: 
Por diante passar determinava; 
Mas não lhe sucedeu como cuidava.

quinta-feira, 5 de março de 2015

Comparação Sistema Nervoso e Hormonal

Sistema Nervoso
  • comunica através de impulsos elétricos e neurotransmissores
  • liberta os neurotransmissores nas sinapses de células-alvo específicas
  • tem efeitos relativamente e específicos  em órgãos alvo
  • reage rapidamente, demora 1 a 10 microssegundos
  • termina rapidamente quando o estímulo termina
  • adaptação rápida à estimulação contínua
Sistema Endócrino/Hormonal
  •  comunica através de hormonas
  • liberta hormonas na corrente sanguínea para todo o corpo
  • tem efeitos, por vezes, gerais e em vários órgãos
  • reagem mais lentamente, podendo demorar segundos a dias
  • pode continuar a responder após o estímulo ter terminado
  • adaptação lente; pode continuar a responder durante dias ou semanas

Sistema Nervoso


  • O sistema nervoso é o responsável pelas perceções sensoriais, atividades da mente, estimulação dos movimentos dos músculos e da secreção de muitas glândulas. Nenhuma sensação, pensamento, emoção ou movimento seria possível sem o sistema nervoso.
  • A unidade básica do sistema nervoso é o neurónio – célula especializada na comunicação de informação. Os neurónios têm como principal função receber, transmitir e responder às mensagens que lhes chegam. Estas mensagens designam-se impulsos ou influxos nervosos.
  • Constituição de um neurónio motor típico:
    • dendrites (Extensões citoplasmáticas curtas e muito ramificadas)
    • corpo celular (Contém o núcleo e outros organelos celulares)
    • axónio (Prolongamento do corpo celular de comprimento variável, desde poucos milimetros a um metro)
    • arborização terminal/telodendrites (Transmitem o impulso ao neurónio seguinte)
  • Tipos de neurónios:
    • sensitivos
      • Recebem o estímulo e transmitem os impulsos nervosos do órgão recetor ao centro nervoso (encéfalo ou medula espinal)  
    • conectores/de associação
      • Localizados na medula espinal e no encéfalo, ligam os neurónios sensitivos aos neurónios motores.
    • motores
      • Transmitem os impulsos nervosos do centro nervoso ao órgão efetor (músculo ou glândula), originando a resposta ao estímulo.
  • Impulso Nervoso:
    • de natureza eletroquímica (elétrica ao longo do neurónio e química nas sinapses)
    • é conduzido até à medula espinal e encéfalo, que irão dar respostas adequadas, enviando impulsos nervosos para os músculos ou glândulas.
    • ao longo de um neurónio:
      • Dendrites -» Corpo celular -» Axónio -» Arborização terminal/telodendrites
    • Sinapse: 
      • processo de transmissão do impulso nervoso de um neurónio para outro neurónio. 
      • Nestas, após a chegada do impulso nervoso à terminação do axónio (arborização terminal), existe a libertação de uma substância química – o neurotransmissor.
      • A transmissão do impulso de uns neurónios para outros ocorre nas sinapses – contactos entre uma célula nervosa e outra célula nervosa, glandular ou muscular.
      • Nas sinapses, o impulso nervoso desencadeia a liberdade de neurotransmissores – substâncias químicas que vão estimular o neurónio seguinte.
      • As células intervenientes numa sinapse estão separadas pela fenda sináptica, chamada de espaço sináptico, não se tocando. Nas sinapses, são libertados neurotransmissores, que transmitem o estímulo à célula seguinte.
  • Constituição do Sistema Nervoso
    • sistema nervoso central (SNC) 
      • O encéfalo e a medula espinal coordenam o corpo
    • sistema nervoso periférico (SNP) 
      • Os nervos e os gânglios levam a informação dos recetores ao centro nervoso e deste para os órgãos efetores
  • Sistema Nervoso Central
    • Coordena todas as atividades do corpo
    • É formado por:
      • Encéfalo 
        • É o principal órgão, e o mais completo, do Sistema Nervoso Central. A sua atividade compreende aspetos como: pensamento, memória, raciocínio e vida afetiva.
        • Está protegido pela caixa craniana (crânio) e 3 meningites, coordena os movimentos voluntários e involuntários
        • formado por
          • Cérebro 
            • onde se encontra o hipotálamo (órgão importante no controlo da temperatura corporal, do apetite, da sede, dos ciclos sexuais e de emoções como o medo e a raiva)
            • É responsável pelos atos e atividade motora conscientes. A camada exterior é o córtex cerebral
            • O cérebro é o órgão mais volumoso do sistema nervoso.
            • Divide-se em dois hemisférios cerebrais separados por um sulco profundo e ligados pelo corpo caloso.
            • Em cada hemisfério podem distinguir-se pregas sinuosas conhecidas por circunvoluções que permitem aumentar a área.
            • Responsável pelo pensamento, memória, linguagem, dirige as reações voluntárias
            • Possui duas áreas: substância branca e substância cinzenta.
            • O córtex cerebral é formado por milhões de neurónios, de cor cinzenta, formada pelas dendrites e pelos corpos celulares dos neurónios.
            • A zona interior, de cor branca é formada pelos axónios dos neurónios -substancia branca
          • Bolbo raquidiano
          • Cerebelo
          • Diencéfalo
      • Medula espinal
        • funciona como um meio de comunicação entre o encéfalo e o sistema nervoso periférico. É o centro da maioria dos reflexos.
        • Está protegida pela coluna vertebral e três meningites, é responsável pelos atos reflexos (reações involuntárias)
        • Encontra-se alojada no canal raquidiano, e está em comunicação com os diferentes órgãos do tronco e dos membros por nervos raquidianos
        • A medula também é constituída por duas zonas distintas:
          • zona externa – substância branca
          • zona interna – constituída por zona cinzenta, que em corte transversal faz lembrar uma borboleta.
        • A medula espinal é responsável pela condução dos impulsos nervosos entre os órgãos periféricos e o encéfalo, e vice-versa.
  • Sistema Nervoso Periférico 
    • constituição:
      • nervos/neurónios (pequenas aglomerações onde se concentram os corpos celulares das células nervosas/neurónios).
      • gânglios (conjuntos de fibras nervosas e camadas envolventes que ligam o SNC aos receptores sensoriais, músculos e glândulas)
      • recetores sensoriais (terminações de células nervosas ou células isoladas que detectam estímulos)
    •  Nervos
      • cranianos
        • Sensitivos (Transmitem informações dos recetores sensoriais para os centros nervosos)
        • Motores (Transmitem informações dos centros nervosos para os órgãos efetores)
      • raquidianos (Transmitem informações dos recetores sensoriais para os centros nervosos e destes para os órgãos efetores)
    • Os estímulos que o nosso corpo recebe podem originar uma resposta. Esta pode ser:
      • voluntária (ato voluntário - depende da nossa vontade)
      • involuntário (ato reflexo - não depende da nossa vontade)
        • ato reflexo: resposta imediata e involuntária, originada por um estímulo, e determinada pela medula espinal. A resposta é memorizada pelo encéfalo. Os atos reflexos determinados pela medula espinal são um mecanismo automático.
        • arco reflexo: trajeto seguido pelo impulso nervoso que permite a execução de um ato reflexo
          • componentes: recetor sensorial, neurónio de associação, neurónio aferente/sensitivo, neurónio eferente/motor, orgão efetor



quarta-feira, 4 de março de 2015

Crise do Capitalismo

Causas:
  • otimismo excessivo (o crédito era de fácil acesso, sendo utilizado para adquirir muitos dos bens)
  • superprodução (apesar da prosperidade dos anos 20, a partir de 1927, a produção continuou a crescer mas o consumo estagnou, sendo os produtos armazenados em stock e não dando lucro)
  • especulação bolsista (com a prosperidade da década de 1920, criou-se um clima de confiançaexcessiva na economia, o que levou a uma compra exagerada de ações, a um valor superior ao real, ou seja, especulativo. Portanto, a prosperidade era mais fictícia do que verdadeira)

O Crash
  •  24 de outubro de 1929, quinta-feira negra
  • cerca de 13 milhões de ações foram postas à venda mas, como não houveram compradores, foram perdendo valor; até que a Bolsa de Valores de Nova Iorque (Wall Street) declarou falência
  • de imediato, instalou-se o pânico entre os acionistas
  • a crise alastrou-se a outros setores da economia, o que provocou o desemprego de milhões de pessoas
  • ao despoletar desta grave crise financeira se chama de crash

 Mundialização da Crise
  • a crise de 1929 alastrou-se rapidamente a todo o mundo (exceto à União Soviética, pois esta tinha um sistema económico diferente), pois era a dependência económica de muitos países
  • Os Estados Unidos retiraram os seus capitais da Europa, originando a falência de muitos bancos e empresas europeias
  • adotaram uma política protecionista, limitando as importações para defender a produção nacional
  • países em desenvolvimento e colónias também foram afetados pois, sendo produtores de matérias-primas, os países industrializados deixaram de comprar

Os problemas sociais
  • todas as camadas sociais foram afetadas:
    • muitos empresários faliram
    •  as classes médias viram os seus rendimentos reduzidos
    • os camponeses e os operários foram fortemente atingidos
    • aumentou o número de pobres
  •  cerca de 30 milhões de desempregados em todo o mundo, especialmente nas grandes potências como a Alemanha, os Estados Unidos e a Inglaterra
  • os desempregados percorriam cidades à procura de emprego e campos em busca de alimento
  • todos ofereciam os seus serviços por baixos preços
  • nos países industrializados realizavam-se marchas de fome
  • algumas instituições ofereciam alimentos, como a "sopa dos pobres", que por vezes era a única coisa que comiam
  • aumentou:
    • a criminalidade
    • os assassinatos
    • os suicídios
    • a mendicidade
    • o racismo e a discriminação

Os Lusíadas (Análise da Proposição)


  • 1ªparte (estâncias 1 e 2)
    • o poeta pretende apresentar o assunto do poema: propõe-se cantar os heróis que enfrentaram o mar e formaram um novo reino, os reis que dilataram a Fé e o Império e aqueles que se tornaram imortais na memória dos homens pelos feitos ilustres que realizaram
  • 2ªparte (estância 3)
    • o poeta canta a glória do povo português, que ultrapassou as façanhas contadas nos poemas greco-romanos
Apontamentos das margens dos livros
  • o poeta propõe-se cantar
    • os heróis
      • "As armas e os barões assinalados/Que da Ocidental praia Lusitana/Por mares nunca de antes navegados/Passaram ainda além da Taprobana"
      • "E entre gente remota edificaram Novo Reino"
    • os homens imortalizados
      • "E aqueles que por obras valerosas/Se vão da lei da Morte libertando"
    • os reis
      • "E também as memórias gloriosas/Daqueles Reis que foram dilatando/A Fé, o Império, e as terras viciosas"
  • planos da narrativa:
    • plano da viagem
      • "Por mares nunca de antes navegados/Passaram ainda além da Taprobana"
    • plano da história de Portugal
      • "E também as memórias gloriosas/Daqueles Reis que foram dilatando"
    • plano do poeta
      • "Cantando espalharei por toda parte, Se a tanto me ajudar o engenho e arte."
      • "Que eu canto o peito ilustre Lusitano"
    • plano dos deuses
      • "A quem Neptuno e Marte obedeceram."
  • o porquê da epopeia e a provação do valor do povo português
    • o poeta canta os feitos grandiosos dos portugueses porque estes merecem ser exaltados mais do que os que foram cantados nas epopeias clássicas
  • recursos expressivos
    • "Ocidental praia lusitana"
      • sinédoque (substituição de uma palavra por outra de expressão desigual/ a parte pelo todo ou vice-versa)
      • perífrase (dizer por várias palavras aquilo que poderia ser dito por apenas uma
    • conjugação perifrástica
      • ex: foram dilatando/ andaram devastando/ se vão libertando
      • significa a realização gradual da ação




Os Lusíadas (Proposição)

1 As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;

2 E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis, que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando;
E aqueles, que por obras valerosas
Se vão da lei da morte libertando;
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

 3 Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram:
Cesse tudo o que a Musa antígua canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.

Os Lusíadas (Estrutura)

  • Estrutura externa:
    •  Os Lusíadas estão divididos em dez cantos
    • Cada canto tem um número variável de estrofes, que, no total, somam 1102.

    • O poema está escrito em versos decasssilábicos. (com predomínio do decassílabo heróico: acentuação na 6ª e 10ª sílabas).

    • As estrofes são todas oitavas (agrupadas de 8 em 8)

    • O esquema rimático é: "abababcc" (rimas cruzadas, nos seis primeiros versos, e emparelhada, nos dois últimos).


  • Estrutura interna:
    • Proposição - O poeta começa por declarar aquilo que se propõe fazer, indicando de forma breve o assunto da sua narrativa. Propõe-se "cantar" (narrar em verso=EPOPEIA) e glorificar os heróis e a história de Portugal.


    • Inovação - O poeta pede auxílio às entidades superiores (como as Tágides (ninfas do Tejo) e os deuses), para lhes pedir o estilo e eloquência necessários à execução da sua obra; um assunto tão grandioso exigia um estilo elevado, uma eloquência superior; daí a necessidade de solicitar o auxílio das entidades protectoras dos artistas (a Musa).


    • Dedicatória - É a parte em que o poeta oferece a sua obra ao rei D. Sebastião. A dedicatória não fazia parte da estrutura das epopeias primitivas; trata-se de uma inovação posterior, que reflete o estatuto do artista, intelectualmente superior, mas social e economicamente dependente de um mecenas, um protector.


    • Narração - Constitui o núcleo fundamental da epopeia. Aqui, o poeta procura concretizar aquilo que se propôs fazer na "proposição".